Por mais que me esforce não percebo o que queres de mim, se é que queres alguma coisa.
Não sei se queres que vá ou que fique. Se queres a minha amizade ou o meu amor.
Não sei se é suposto aproximarmo-nos ou afastarmo-nos.
E analiso. Analiso-me a mim, porque estou dentro da minha cabeça e sei o que quero ou não quero. De ti, só posso analisar os sinais, as respostas. E dana-me que não entendo.
Faço um esforço sobrenatural por acreditar que vejo fantasmas onde tudo é claro como a água. Que não existe nada para entender.
E faço esse esforço quer a favor do abandono quer da aproximação.
Claro que a minha mente pessimista aponta quase sempre para o "nada existe". E é aí que me dás sinais contrários.
Mas, sabes que mais?
Acho que estou a deixar de querer saber. Acho que já não me interessa o que queres.
Que daqui em diante é apenas o que eu sinto ou não sinto.
Nós cegos. Eu sem conseguir ver a saída. Tu sem me veres, bem na tua frente.
E no meio o vazio que sinto por entre os nós da ausência do nós.
Por vezes, creio que isto só vai lá a corte de lâmina, mas falta-me a coragem para me desatar. Com medo que o vazio se propague à velocidade do isolamento e da ausência do teu som.
Nós sem o quente da tua voz, sem o calor da tua mão.
Mil e uma voltas infinitesimais, circulares, rotundicas. Entontecedoras. Que me levam a nenhures.
Nós que teimam em perdurar. Em apertar e segurar. Sem pontas à vista.
Mas com uma beleza elementar. Desarmante. Desnuda.