Mudar de ares, de paisagens.
Ver gente desconhecida e sentar-me numa esplanada à beira-mar.
Sentir o sol, ouvir o mar, admirar as cores do por-de-sol, com calma.
Mudar planos, sem hesitação, sem remorsos, em plena descontracção.
Perceber que os anos mudaram as minhas paisagens internas quase tanto como manteve as velhas paisagens revisitadas.
O cheiro do mar, o riso das mesas vizinhas.
Nem a solitude me assusta.
Sorrio dos pensamentos.
E para me defender dos perigos do desenraizamento da minha mente, trago algumas rotinas comigo.
publicado às 22:44
Num mundo cada vez menos são, falta-me ancora que me retenha, escora que me impeça de desmoronar.
Sinto-me vazia, desorientada e, no entanto, nunca estive com tanto em mãos.
Trabalho, afazeres voluntariosos, amizades activas.
Mas mesmo assim, continua a faltar o essencial. A minha estrutura pede algo mais.
Pede a expressão do que não existe, nunca existiu, mas deixa tanta saudade na sua ausência.
A tristeza não se chega a instalar, porque o tempo escasseia.
Mas o corpo ressente-se. A alma definha. A mente perde-se.
Como se de sal se tratasse, parece que vai secando o terreno fértil. Esta ausência.
Mesmo assim, sigo em frente.
Não por teimosia, Ou por achar que é o caminho certo, mas por não conhecer outra via.
Por não encontrar o que me falta.
publicado às 21:52
Se me vires cair, segura-me a mão e ajuda-me a recuperar o equilíbrio, pois sei que de mãos dadas teremos mais força para suster o que nos atormenta e deita ao chão.
Se me vires chorar, não me digas para parar, mas retem-me nos teus braços e deixa que a minha tristeza se exprima em toda a sua fúria.
Se me vires gritar, não me digas para acalmar, mas procura entender de que recanto da minha alma vem o meu grito.
Se me vires rir, ri comigo, de preferência com o riso sincero de quem me entende.
Se me vires dormir, protege-me os sonhos, não deixes que me acordem antes que estes terminem.
Se me vires partir, diz-me porque devo ficar.
Se o entender nos teus olhos, na tua voz, nos gestos das tuas mão, ficarei.
E então serei eu a velar os teus sonhos e a estender a minha mão para a tua.
publicado às 00:54
Eu sou a criadora de sonhos, a descobridora de caminhos.
Não dos meus caminhos.
Sou a guardiã das chaves que abrem as portas e janelas e mostram vias possiveis a seguir.
Sou aquela que ilumina quando necessário, mas que também traz a noite consigo.
Sou a que ajuda a alcançar o que se deseja, que transforma sonhos em realidade.
Não sou a inspiração de sonhos;
As musas inspiradoras que o criador ama pelos desejos que despertam, não é papel que me esteja reservado.
Eu sou a construtora, a fiel depositária de sonhos que procura concretizações.
E se o criador ama a sua musa, a construtora é quem fica para a execução.
Eu sou a construtora de sonhos alheios.
Mas nunca dos meus.
publicado às 02:04
Uma das épocas que me agrada: o fim do verão. O regresso ao trabalho. Os reencontros do outono.
O outono.
Por vezes, a vontade de ficar em casa, à espera da chuva.
Esquecer o trabalho e convidar os amigos para um jantar ao som de música suave e gargalhadas fortes.
Planear os fins de semana, os filmes para ver, a manta para aquecer, o livro para ler e sonhar. O chá que aquece por dentro e por fora.
O cheiro a terra molhada, a chuva, a castanhas.
Mas por enquanto, ainda há calor e praia para fazer.
Esperar que o outono chegue. E aproveitar o fim de verão.
publicado às 00:24