Medos, sonhos, sentimentos e sentidos alerta.
Doçuras, travessuras, bons humores, irritações. Aqui todo o meu mundo fica guardado.
Um pouco do que sou. Ou do que não sou.
Medos, sonhos, sentimentos e sentidos alerta.
Doçuras, travessuras, bons humores, irritações. Aqui todo o meu mundo fica guardado.
Um pouco do que sou. Ou do que não sou.
Adoro quando consigo criar uma nova rotina fora das rotinas dos dias cinzentos. Como ver as cores do fim de domingo, a reflectir o azul do mar. Ou a manhã de sábado, de café na mão a olhar os pássaros da minha rua. Ou ao final de um dia da semana, esquecer o metro e percorrer a zona ribeirinha da minha cidade, com cheiro a mar, gente a dançar, ou a exercer o seu direito à arte. São momentos abençoados, oníricos, em que me esqueço de mim e mergulho no momento. Sem rotinas.
Ás vezes fico assim, sentada na minha cadeira, no escuro do quarto. Olho lá para fora, o céu nublado, a chuva num cai que não cai. Os sons ao longe, a lembrar que existe um mundo fora do quarto. Fecho os olhos,espero que a angústia parta, para poder sair daqui. A chuva cai com mais força, a marcar o compasso ritmado das minhas batidas cardíacas. Fecho os olhos e finjo que me fundo com ela e deixo-me escorrer pelos beirais das memórias. Abro os olhos e leio o escuro. O meu escuro. Inspiro profundamente o cheiro a terra molhada como forma de apaziguar a aridez que me corre nas veias. Espero mais um pouco, a ver se a dormência se instala. E quando verdadeiramente entorpecida, volto para a luz.
A noite passada fui ao teatro. Uma peça recomendada por um velho amigo há uns meses. Contava-nos uma história de amor ao longo dos tempos. Amores, encontros, desencontros,reencontros. Um texto bom, bem interpretado. E no entanto, um inferno. Ao meu lado, um homem. Levemente parecido contigo. Mas o cheiro... O teu perfume de volta. A noite toda a lembrar outras noites. As sensações olfactivas a despertar outros sentidos, ao ritmo dos encontros e desencontros em palco. No final, mesmo antes do cair do pano, cai a minha ilusão. E percebo que estou velha para continuar a esperar pelo teu amor.