Medos, sonhos, sentimentos e sentidos alerta.
Doçuras, travessuras, bons humores, irritações. Aqui todo o meu mundo fica guardado.
Um pouco do que sou. Ou do que não sou.
Medos, sonhos, sentimentos e sentidos alerta.
Doçuras, travessuras, bons humores, irritações. Aqui todo o meu mundo fica guardado.
Um pouco do que sou. Ou do que não sou.
Aqueles, em que o ruído quotidiano é insuficiente para calar os pensamentos.
São dias (e noites) em que apetece mergulhar nos vícios privados para apagar memórias, presentes ou sonhos inexistentes.
Ceder o norte ao terceiro copo de gin.
Por vezes, no meio das minhas deambulações pouco quiméricas, recordo os fantasmas com que me cruzo em cada dia.
Fantasmas reais, de carne e osso, que divagam pelas ruas da cidade, vazios.
Cheios de passado incerto, mas vazios de futuro.
Fantasmas cujas linhas do rosto ignoramos.
Que nos contam histórias em que já não se revêem, nem acreditam.
Fantasmas da vida, vazios de tudo; sem futuro e com um passado semi-inventado.
Por vezes, ao ouvi-los, a ansiedade toma-me de assalto. Imagino-me entre eles, numa irmandade incorpórea. Mãos vazias, bolsos vazios, esquecida dum futuro ausente. Fantasma.
Até que me acalmo com a resignada compreensão de que parte de mim já lá está.
Sou fantasma de uma vida sonhada, de futuro incerto. Sem garantias. Sem nada. Apenas com um passado para contar.
Dizem que o pior cego é o que não quer ver, ou que o pior surdo é o que não quer ouvir.
Ou seja, somos nós.
Tantas foram as ocasiões em que foi mais fácil ignorar, o que estava bem visível.
Não me parece que o tenhamos feito por facilitismo. N
quando o custo é esta insatisfação, esta dor interna, intensa. Acredito que foi o medo do que vem a seguir. De assumir em pleno o que somos. Ou não somos.
E fomos de cegueira, em cegueira, a desperdiçar momentos, até nos apercebermos que o tal, o especial, aquele momento que tanto desejámos, já passou.
E ficamos então cegos de lágrimas a criar desculpas para o que não se viveu.