Foi, rua acima, coração sorridente, numa alegria sem explicação. A brisa soprava-lhe ao ouvido o sonho que levava consigo, algo que dominava a razão. No pensamento, a oscilação entre a expectativa e a dúvida se aquilo era paixão ou amor.
Perto do destino parou. Não por dúvida, ou por incerteza. Apenas para recuperar o fôlego, disfarçar o medo. Pelo caminho colhera flores, e com os seus aromas atenuara dores e tristezas. No ponto de encontro esperava-a o sonho imaginado, e antes de entrar pôs a mão sobre o peito a acalmar a animação. O que se seguiu, não foi capaz de explicar. Desceu a rua a distribuir pétalas e sorrisos tristes. Quem dela as recebeu nunca soube dizer Se o sonho foi verdade ou, afinal, ilusão.
Deitada, no escuro do quarto, mais uma vez procuro nas sombras da noite o descanso.
O cérebro, matreiro, vai-me desviando a atenção para pequenos nadas do dia que, de repente e quase sem me dar conta, deram passagem a uma questão de fundo na minha vida: que ambições para o futuro? O que quero ainda?
Cumprir uma promessa de despedida que ainda se encontra por saldar;
Continuar a trabalhar e a fazer as coisas de que gosto.
Mas, a ambição maior é a mais comum de todas: amar e ser amada.
Existirá ambição mais popular? E tão difícil de atingir.
E, no entanto, cá está ela, em todas idades, mesmo quando parece que já não são tempos de sonhos.
Sorrio perante a noção de como minha metade realista, ao passar de ilusão em desilusão, garante de forma pouco convicta, que aquela foi a última vez.
E entrego-me à ambição máxima do momento, a de dormir em paz comigo.