A um Desconhecido
Tempos houve em que acreditei. Como tempos houve em que amei.
Mas a vida leva-nos por caminhos nem sempre desejados e a realidade passa a recordação, o amor foge-nos entre os dedos e entramos num estar por estar.
Gradualmente a vida retoma o seu ritmo e, com doçura e cuidado, poderá entrar um novo belo sonho que nos reanima. E voltamos a Ser.
A magia vem pela mão de um qualquer estranho; um desconhecido que nos sorri no caminho, que nos estende a mão, nos inebria com palavras inesperadas e nos devolve à vida.
Para alguns é um novo ciclo. Para outros a promessa da paixão. Outros ainda apenas ilusão temporária.
E se o fim da ilusão pode doer, também acorda e traz o ritmo para nos balançarmos numa dança desacompanhada que nos liberta, deixando o Ser pronto para o caminho, mesmo que sem par de dança ou esperança de entrega a nova ilusão.
E isso até pode ser bom, essa liberdade de esperança. Deixa-nos outro espaço para apreciar o caminho.
Por curioso que pareça, acabamos por agradecer, com algum carinho, pelo estranho desconhecido.