Artes
Esta semana, passei pela exposição dedicada a Van Gogh.
É um dos meus pintores preferidos, não pela sua história trágica, mas pela beleza das suas telas, pela forma única como via e retratava o mundo. Uma arte que me toca. Profundamente.
Acompanhar a exposição, é acompanhar Van Gogh pela vida. As suas dores, as suas dúvidas, as suas lutas internas. O carinho e apoio do irmão.
Ao longo da história que nos contam, surgiram as inseguranças do pintor. Lembrar que foi por incentivo do irmão que se dedicou à pintura, pois achava que o seu caminho era a igreja, que, se Theo não o convence a tentar a pintura, não teríamos as noites estreladas que ele nos deu. Ou os girassóis.
E é aí que paro.
Sempre admirei, e de certa forma invejei, aqueles que conseguem, através da arte, transmitir o que sentem do mundo – seja a música, a pintura, a escrita, …
Não tenho talentos, nem consigo, frequentemente, dizer de forma clara o que sinto. Daí não poder deixar de admirar quem detém a arte nas suas mãos.
Pensar que a alguém com um talento daqueles, não lhe passa sequer pela cabeça que é por ali o seu caminho, faz-me pensar. Quantas pessoas deixarão cair os seus talentos, os seus amores, a sua felicidade, por acharem que não é ali que devem estar?
Quantas vezes teremos tido a oportunidade de um caminho mais pleno, quantas vezes estivemos já no sítio certo, no momento certo, e não percebemos que era ali? Ninguém nos disse, ou não acreditámos.
E, por vezes, ficamos na vida, à espera da tal circunstância, do talento adequado, do amor verdadeiro. A vida segue, sem percebermos que a nossa arte pessoal está ali, em nós mesmos, com medos, mas sem desalento. Em acreditarmos e arriscarmos.
Em pintar o nosso quadro, em cantar a nossa música, em sermos nós.
Perceber que não é preciso ser um grande artista, para descrever algo tão simples como o amor que despertaste em mim, ou que continuo à tua espera, numa mesa de café, como a de Van Gogh.