Dias
Há dias como noites, em que o céu nublado torna difusa a luz do sol.
Todo o colorido, à nossa volta, surge desbotado, pardo, num silêncio pouco sacro, que incomoda.
São dias lentos, que se perdem nos vagares do quotidiano.
Indiferentes a tudo isso, apenas as árvores, para quem as nossas sombras internas nada contam.
Estes são dias que, bem aproveitados, nos dão muito.
A ausência do brilho lá fora faz olhar noutra direcção, se com sorte, para dentro.
Disse-me alguém, que nesses vagares de dia cinzento, sol pálido, tímido de amarelo, as cores estão lá, brilhantes como sempre, nós é que as estamos a ver com os olhos errados.
Basta pegar num pincel e com a imaginação colorir a paisagem com pinceladas de sentimentos, amores e desamores.
Inagina: todo um mundo pintado de algum eu para outro tu, numa tela imaginada, a contar histórias por viver, e que um de nós idealizou. Um quadro de brilhos, de ilusões sonhadas que, um dia, serão cenário para um outro par de nós.