Escuro
Ás vezes fico assim, sentada na minha cadeira, no escuro do quarto. Olho lá para fora, o céu nublado, a chuva num cai que não cai. Os sons ao longe, a lembrar que existe um mundo fora do quarto. Fecho os olhos,espero que a angústia parta, para poder sair daqui. A chuva cai com mais força, a marcar o compasso ritmado das minhas batidas cardíacas. Fecho os olhos e finjo que me fundo com ela e deixo-me escorrer pelos beirais das memórias. Abro os olhos e leio o escuro. O meu escuro. Inspiro profundamente o cheiro a terra molhada como forma de apaziguar a aridez que me corre nas veias. Espero mais um pouco, a ver se a dormência se instala. E quando verdadeiramente entorpecida, volto para a luz.